Depois de relutar muito, mais um "weblog" foi criado. Uns diziam que os textos tinham que ser mais fáceis de encontrar; outros, que era uma forma de "salvar" os arquivos... Não importa. Mais um vencido. E derrotados/vencidos/sopeados serão os norteadores dessa história, só para ser contada de outra maneira que não pela óptica triunfal dos bem-sucedidos.
Para começar, vêm algumas coisas mais antigas. A seguir, texto colocado em 03/06/05 no domingosjunior.multiply.com.
Pilhéria
Ideal para uma "smooth" fossa, daquelas não tão sofridas quanto as da Maysa.
Ideal para uma "smooth" fossa, daquelas não tão sofridas quanto as da Maysa.
Foto: Ivan Klingen
Estava escutando, em CD, o disco “Meia-Noite” (RCA/BMG, 1.976), da cantora Maria Creuza. O álbum foi produzido sofisticadamente pelo sambista e gaitista Rildo Hora, que assina, em letra corrida, a contracapa, da mesma maneira que Creed Taylor fazia na Verve.
A faixa n°. 3 calha a fiveleta, como diria o outro.
“Palavras Cruzadas”
Na arte de viver sou um fracasso.
Minha vida é uma pilhéria.
É sempre o mesmo erro a cada passo.
Minha vida é uma comédia.
Meus amores, um fiasco.
Meu destino
são palavras cruzadas.
Que se cruzam,
que se lançam.
Sem nenhuma diretriz.
Ah...
O que é que eu fiz?
Pra viver atormentado...
Dizem que sou mau amante,
acho que sou mal amado.
Minha vida é uma pilhéria...
Minha vida é uma comédia...
Meus amores um fiasco.
Meu destino
são palavras cruzadas.
Que se cruzam,
que se lançam.
Sem nenhuma diretriz.
Que é que eu fiz?
Pra viver atormentado...
Dizem que sou mau amante,
acho que sou mal amado.
Que é que eu fiz?
Pra viver atormentado...
Dizem que sou mau amante,
acho que sou mal amado.
Sou mal amado...
Sou mal amado...
Essa música é de autoria da dupla Antonio Carlos e Jocafi, compositores baianos contemporâneos da também baiana Maria Creuza, que, aliás, foi lançadora de várias peças de seus conterrâneos e casada com Antonio Carlos.
Tidos como representantes do chamado “samba-jóia”, vertente de cunho mais popular e romântica do samba que fez muito sucesso na década de 70, ao lado d’Os Originais do Samba, de Benito di Paula e da também dupla Tom e Dito, são, até hoje, considerados injustamente compositores “menores”, relegados a segundo plano no cancioneiro setentista.
O álbum conta ainda com uma equipe de arranjadores de primeiríssima linha, como Antonio Adolfo, Geraldo Vespar, Waltel Branco e o erudito Luiz Eça, responsável pelos arranjos (que incluem até harpa!) de três das faixas do disco: a que dá nome ao disco, de autoria de Antonio Carlos e Jocafi, “A Distância” de Erasmo e Roberto Carlos e a própria “Palavras Cruzadas”, com impecável seção de cordas.
"Tortura de Amor", da lavra de Waldick Soriano (sim, o intérprete original de "Eu Não Sou Cachorro, Não"), se torna com Maria Creuza um bolerão derramado, de dilacerar o coração dos mais insensíveis.
Imperdível a capa interna que retrata a cantora, em traje de gala vermelho, deitada num sofá de uma sala, curtindo uma fossa (de seu repertório?), em cenário absurdamente mid-70´s.
2 Comments:
"Pois não, cavalheiro! Quer dar uma olhada no cardápio?"
Força total para você nessa nova usina geradora de energia acústica e sacadas geniais. Goody Goody, Juninho!
K.
Ah, valeu! O negócio aqui vai ser "à la carte"... Agradar e desagradar a todos...
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