Monday, October 17, 2005


Inscrito


Leny Andrade não é para qualquer hora. Sua voz rouca, seus “scat singings”, seu ar espalhafatoso e sua postura de cantora norte-americana de jazz, que, como Michael Jackson, consente a voz, mas cala a cor, atrapalha sua audição.

Depuradas, contudo, as questões não-vocais, Leny, em “Registro” (Columbia/Sony-BMG, 1.979), gravou um dos melhores discos de toda a sua carreira, dada a moderação com que usou seus atributos de cantora tecnicista.

Não se pode afirmar com certeza, até porque a reedição do disco em CD não informa sequer quem foi originalmente o produtor da gravação, mas pela seleção musical e pelo “estilo” do disco, parece ter sido Durval Ferreira, o “Gato”, da fonográfica CID (Companhia Industrial de Discos, vide “El CID”), o responsável pela produção do LP.

Além de Durval Ferreira, provável violonista do disco, devem ter participado da gravação Robertinho Silva na bateria, Bebeto Castilhos (tio do “hermano” Marcelo Camelo, mas, antes de tudo, integrante do Tamba Trio) na flauta e João Donato no piano e nos arranjos. Durval Ferreira pelo “balanço zona norte” de seu violão. Robertinho Silva pela sua peculiar batida seca, estática. Bebeto por causa de sua flauta lamentadora, de “Salgueiro chorão”, especialmente em “Meu canário vizinho azul”, de Toninho Horta. E João Donato... Bom, João Donato...

Apesar da produção prolífica dos últimos anos, em que a qualidade nem sempre está presente (aguarda-se o lançamento da sua sinfonia “amazônica”, inspirada pelo clássico Rachmaninov), João Donato criou obras magistrais, de estilo único, “donatiano”, inconfundível, o que faz crer tenha sido o pianista e o arranjador de pelo menos algumas das faixas de “Registro”.

O repertório do disco de Leny traz nomes já então consagrados, como Roberto Menescal (“Vai de vez, em parceria com Lula Freire,%

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sempre quis ter esse disco, cuja capa inclusive me atrai bastante. A sonoridade, próxima dos 1980, talvez não me estimulasse a comprá-lo há algum tempo. Mas "I Love You, You Love Me" e outros balanços ali, realmente, são indispensáveis desde que me entendo por ouvinte de música brasileira. De raspão - como te falei - acredito haver ali a mão de João Donato. E, como a CID esbanja em malabarismos do tipo "esconde-esconde", convém apostar nesse, mesmo que um tanto às cegas (pela ausência insana da ficha técnica), porque, de resto, como já disse o rei do Jovem Guarda, "todos estão surdos" para as coisas belas. Então segura (um exemplar do disco d)a nêga aí pra mim, ok?
Abraço!

10:19 AM  
Blogger Domingos Junior said...

"A nêga se vingou" e vendeu dois discos em uma semana...

12:07 PM  
Anonymous Anonymous said...

E a revisão que eu fiz, ome? Botaí...

7:47 AM  
Anonymous Anonymous said...

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Peter

10:22 AM  

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