"Baila comigo"
Lançada em 2005, a coletânea “Diferente” tem como objetivo maior apresentar-nos o lado “respeitável” da carreira de Vanusa.
Seguindo o receituário que ainda é prescrito, para ser considerada uma artista de primeira linha da dita música popular brasileira, é preciso ter estofo. Deve-se gravar composições renomadas, de autores considerados “sérios” pelo “establishment” cultural: Caetano Veloso, Belchior, João Bosco, Milton Nascimento, Zé Ramalho...
“Diferente” cumpre seu propósito. Vanusa pode (muito bem, por sinal) interpretar as canções fossilizadas pelos “medalhões”, mas, como artista, sua singularidade se dá justamente quando ultrapassa as barreiras e se sobrepõe aos cânones da “MPB”.
“Vanusa” (1969/RCA-Sony&BMG) mostra que não só Gal Costa poderia fazer um disco psicodélico no final dos anos sessenta. Com Rogério Duprat e a intelectuália contando a favor, é remota a possibilidade de que Gal tenha ficado estafada.
A começar pela capa (e por onde anda Tebaldo?), antecessora da moda “physical” de Olivia Newton-John e d’As Frenéticas de “Dancin’ days”. A foto, tremida, dá a impressão de movimento, embaralhando as cores, forjando uma imagem psicodélica, “viajandona”.
O repertório inclui “Que você está fazendo neste lugar tão frio”, da dupla iniciante no “samba-rock”, Tom Gomes e Luiz Wagner, “O que é meu é teu”, de Silvio Brito, “Hei sol”, do cearense Dom, que viria a compor com Ravel a parceria mais “maldita” dos anos de chumbo, um “cover” de “Sunny”, uma composição autoral, “Eu sei viver sozinha”, “Caminhemos” (um pouco deslocada aqui...), de Herivelto Martins, e uma versão para “Hey Joe”, de Jimmy Hendrix feita pelo Demétrius. Todas com arranjos do maestro Portinho.
A faixa mais atraente, sobretudo pela sua contemporaneidade, com ecos e gritinhos à la Yoko Ono, é “Atômico platônico”, de Jean Garfunkel e Fernandes. Radioatividade e explosão nuclear eram expressões da ordem do dia, ao lado do “paz e amor”.
Vanusa, depois casada com o ultra-romântico Antonio Marcos, compôs e cantou outras músicas sobre o amor não-correspondido. Mas esses versos de “Atômico platônico” são simbólicos, por tudo o que representam: “Meu coração já se desintegrou nessa cruel e triste guerra de amor”.
Lançada em 2005, a coletânea “Diferente” tem como objetivo maior apresentar-nos o lado “respeitável” da carreira de Vanusa.
Seguindo o receituário que ainda é prescrito, para ser considerada uma artista de primeira linha da dita música popular brasileira, é preciso ter estofo. Deve-se gravar composições renomadas, de autores considerados “sérios” pelo “establishment” cultural: Caetano Veloso, Belchior, João Bosco, Milton Nascimento, Zé Ramalho...
“Diferente” cumpre seu propósito. Vanusa pode (muito bem, por sinal) interpretar as canções fossilizadas pelos “medalhões”, mas, como artista, sua singularidade se dá justamente quando ultrapassa as barreiras e se sobrepõe aos cânones da “MPB”.
“Vanusa” (1969/RCA-Sony&BMG) mostra que não só Gal Costa poderia fazer um disco psicodélico no final dos anos sessenta. Com Rogério Duprat e a intelectuália contando a favor, é remota a possibilidade de que Gal tenha ficado estafada.
A começar pela capa (e por onde anda Tebaldo?), antecessora da moda “physical” de Olivia Newton-John e d’As Frenéticas de “Dancin’ days”. A foto, tremida, dá a impressão de movimento, embaralhando as cores, forjando uma imagem psicodélica, “viajandona”.
O repertório inclui “Que você está fazendo neste lugar tão frio”, da dupla iniciante no “samba-rock”, Tom Gomes e Luiz Wagner, “O que é meu é teu”, de Silvio Brito, “Hei sol”, do cearense Dom, que viria a compor com Ravel a parceria mais “maldita” dos anos de chumbo, um “cover” de “Sunny”, uma composição autoral, “Eu sei viver sozinha”, “Caminhemos” (um pouco deslocada aqui...), de Herivelto Martins, e uma versão para “Hey Joe”, de Jimmy Hendrix feita pelo Demétrius. Todas com arranjos do maestro Portinho.
A faixa mais atraente, sobretudo pela sua contemporaneidade, com ecos e gritinhos à la Yoko Ono, é “Atômico platônico”, de Jean Garfunkel e Fernandes. Radioatividade e explosão nuclear eram expressões da ordem do dia, ao lado do “paz e amor”.
Vanusa, depois casada com o ultra-romântico Antonio Marcos, compôs e cantou outras músicas sobre o amor não-correspondido. Mas esses versos de “Atômico platônico” são simbólicos, por tudo o que representam: “Meu coração já se desintegrou nessa cruel e triste guerra de amor”.
11 Comments:
Olá Domingos,
O disco de 69 é muito bom. Disco de cabeceira.
""Deve-se gravar composições renomadas, de autores considerados “sérios” pelo “establishment” cultural: Caetano Veloso, Belchior, João Bosco, Milton Nascimento, Zé Ramalho...""
Hahaha, sérios? A fale a sério. Tanta gente boa que não gravou coisa qualquer desses autores. Tantos autores melhores. Êçe establishment(todos), tristeza!tristeza!
até mais,
arturo
É, infelizmente, prum artista ser aceito pela elite intectual, ele ainda precisa ter a bênção dos filhos de dona Canô, ter carteirinha do Clube da Esquina, essas coisas...
Espero que essa prática diminua, não impedindo a apreciação de obras importantíssimas e que são relegadas a um segundo ou a um terceiro plano na música brasileira.
Mas a Vanusa é mulher de fibra. Já dizia em 1969: "Eu sei viver sozinha". Não precisa do aval de quem quer que seja para afirmar que "ninguém é loura por acaso"...
Até, Arturo,
Junior.
Caro amigo Domingos,
Realmente o trabalho de Vanusa tem uma "outra face" que não é muito levado a sério. O Ronnie Von também tem. Eu queria muito esse disco de 69, você comprou o vinil ou o CD ? onde ? qto pagou ? tenho uma coletânea dela pela passagem dela pela Continental e é muito interessante, tem "Manhãs de Setembro", uma coisa e outra do Antônio Carlos & Jocafi...Eu gosto mesmo. Tenho um disco dela de 81 também, que tem uma impagável versão do Paulo Coelho (!!!) para I WILL SURVIVE que tornou-se EU SOBREVIVO !!! Que é a melhor faixa do disco. De qualquer maneira, o trabalho dela é notável e interessante, mas o do Antônio Marcos (!!!) é realmente melhor esquecer, é muito ruim !!!
Olá, Matheus!
Comprei esse disco faz um tempo já. Faz parte de uma série lançada pela então RCA/BMG em 2001 chamada "2 LPs em 1 CD". São dois volumes dedicados à Vanusa. O primeiro tem o disco de 1968 e este de 1969; o segundo, o "Viva Vanusa" de 1979 e o de 1981, que tem a incrível versão "Eu sobrevivo". Estão fora de catálogo, claro. Mas a Pops, a In Concert, a Baratos Afins deve ter algum perdido por lá.
Nunca vi o vinil por aí. Deve ser meio difícil de encontrar.
Por falar nisso, quarta-feira, dia 25/01, aniversário da cidade, vai ter uma feira de discos na galeria Trianon (Paulista, 1499). Promete ser boa.
Antonio Marcos é difícil mesmo, hein? Tem que ter muita "paixão" pra encarar o cara. Por enquanto está "sub judice"...
Vim retribuir a visita.
Como foi uma passada rápida, nem posso comentar com propriedade, mas deixo a promessa de voltar a explorar o blog em breve.
abraço!
Caro amigo Domingos,
Valeu a dica: graças a você comprei uma porrada de discos na feira da Payulista. Entre eles o CHEGA DE SAUDADE do João Gilberto, os dois primeiros do Tim Maia, um do meu amigo Ed Carlos, um dos Carbonos, um do João Nogueira...Só faltou da nossa amiga Vanusa. Dica: tem um lugar naquela rua que é continuação da Augusta, a Martins Fontes que todos os discos, os LPs estão por um real, se acha muita coisa lá. Comprei muito disco lá, vale a pena, quanto tiver outra feira, por favor me avise ! Foi sensacional !
Você tava lá? A gente pode ter se trombado sem saber... Fazer o quê, né?
Ihhh, talvez eu tenha visto o Vanusa 1974 antes de você...
Também comprei uma batelada de discos. O filé mignon: José Mauro "A viagem das horas", com a Ana Maria Bahiana (!)
Diz que vai ter outra feira dessas em abril... quando eu souber a data eu te falo.
Ah, valeu pela dica da Martins Fontes. Vou dar uma olhada lá quando der...
Caro amigo Domingos, mas este disco que comprei dos Carbonos é muito ruim !! E o danado veio ainda riscado ! Mas eles fizeram coisas boas, o disco de 1970 é bom que tem a versão de Yellow River, este de 1973 tem umas duas músicas boas, o resto é aquela coisa...Mas vale pela nostalgia...Sobre a conhecidência do nome: deixa pra lá !!!
É verdade Matheus. A coletânea "Seleção de ouro" que eu comprei é bem irregular. Tem umas duas faixas só que valem a pena. O resto é aquela coisa mesmo... A versão de "Summer holiday" (Férias de verão) ficou ótima, gostosa de ouvir, bem pra cima...
Caro Domingos,
se você quer ver toda a discografia dos Carbonos e de outros astros brega vai no www.jovemguarda.com.br e entre em artistas e depois em ordem alfabética e depois em OS CARBONOS. Tem toda a discografia dos caras que eu saiba, o curioso é que quando os Benitos di Paula e Luiz Ayrão começaram a estourar, os Carbonos produziram um disco de samba chamado: "SÓ SAMBA", que deve ser bom, os caras tocam até Pixinguinha !! E tem dois discos dos caras que foram proibidos porque são o SUPER ERÓTICA e eles gravaram como THE MAGNETIC SOUNDS. Se um dia você achar esses discos eróticos, que eles tocam tipo temas de Emanuelle, me mande em fita por correio !! Deve ser muito louco ! Mas essas bandas de Jovem Guarda são muito loucas, sabe, foram muito pouco pesquisadas, tem várias coisas interessantes. Dois caras dos Carbonos são gêmeos. Eu estive recentemente com o ED CARLOS e ele sabe onde os caras estão. O ED CARLOS tem um restaurante brega-chique no Cambuci muito bom. E ele é gente boa, conversa bem fácil. O primeiro disco dos Carbonos é de música italiana e comprei e é até legal, eles tocam C ERA UM RAGAZZO COMO IO...Aquela versão original que depois os Incríveis fizeram sucesso. Mas uma coisa é fato: Carbonos é melhor que Fevers !!!!
Oi, Matheus!
Esse site jovemguarda.com.br é bem completo mesmo. Eu gosto dele.
O disco de samba dos Carbonos eu peguei na internet. É sambão tipo Originais do samba.
Os dois discos que eles gravaram como The magnetic sounds saíram em cd como parte de uma série "dois em um" da EMI há uns dez anos...
O primeiro disco, "Super erótica", reeditaram em cd avulso, junto com mais um monte de "artista popular" (moacyr franco, carlos alberto, benito di paula...)
Ed Carlos... Olha só! Bacana...
Sim, Carbonos é beeeeem melhor que Fevers...
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