Monday, June 25, 2007

"Enchanté, muito merci, allright!" (cont.)

Aracy, em pessoa, conta aos 8min43seg como conheceu Noel Rosa e canta "Três apitos" à beira da janela:





Veja aqui.

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Monday, June 18, 2007

Quase lá n°. 7





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Thursday, June 14, 2007

Na Zingu! 6 n°. 3

Por ser a Zingu! uma “revista mensal de internet dedicada ao cinema, especialmente o paulista”, esta seção musical tenta, a partir deste número, trazer à tona cantoras que também incursionaram pela Sétima arte.

Depois da guinada cult a que foi acometida a cantora Diana, graças à inclusão de “Tudo que eu tenho” (na verdade, “Everything I own”, de David Gates, vertida pelo “papa” das versões Rossini Pinto) na trilha sonora do filme “O céu de Suely” (2006), de Karim Aïnouz, é chegada a hora e a vez de Nalva Aguiar, outra “cafona” confeccionada nos anos 1970.

Nalva Aguiar, “uma loira simpática e de aparência agradável”, de acordo com a opinião do crítico paranaense Aramis Millarch, também atuou, ao longo de sua carreira artística, em alguns filmes, segundo informações do site imdb.com: "Adorável trapalhão" (1967), de J. B. Tanko, "2000 anos de confusão" (1969), de Fauzi Mansur, "O Conto do vigário" (1976), de Kleber Afonso, o musical “Sinfonia sertaneja” (1979), de Black Cavalcanti (?!), em que contracenou com outros dois cantores-atores, Marcelo Costa e Hugo Santana, e em "Sexo e violência no vale do inferno" (1981), de Domingos Antunes, com a dupla Duduca e Dalvan.

Eis que, entre um e outro personagem cinematográfico, Nalva Aguiar gravou em 1974, pelo selo Epic, da CBS, um disco complexo, mas indeciso; um disco de transição na carreira, que poderia ser considerado como “etapa do processo de amadurecimento artístico da cantora”, caso não tivesse sido solenemente ignorado à época.

A idéia embutida em “Nalva Aguiar” era tornar a intérprete uma espécie de Dusty Springfield dos trópicos. A foto da capa, de Armando Canuto, mostra a cantora com um vestido country-folk branco, num momento apoteótico de algum show, com dois spotlights em sua direção.

A sonoridade do disco, produzido pelo hitmaker Mauro Motta, emulava aquela do final dos anos 1690 e início dos 1970 da cantora inglesa, fase em que se firmou como soulwoman, mergulhando profundamente no chamado Memphis sound. Porém, o que torna “Nalva Aguiar” uma obra que caminha além da mera cópia de outra estrangeira é a sua profusão de ritmos. Tomando-se o álbum de 1974 como um LP transitório e – experimental -, calcado no soul, o disco era uma amálgama especialíssima de vocais sertanejos, chorosos, do forró e do xote estilizados de Dominguinhos e Anastácia, de música country norte-americana, de brega brasileiro (por que não?), de ecos dos roquinhos e das baladas derivados da Jovem Guarda, e de linhas de baixo que mais pareciam terem sido tiradas dos primeiros discos de Tim Maia.

A mistura, que aparentemente carecia de critério, e a aura cafona que envolvia Nalva Aguiar talvez expliquem a irrelevância atribuída ao disco quando do seu lançamento.

A primeira faixa, “Ausência”, de Mauro Motta e F. Campana, escolhida o lado B do compacto simples oriundo do álbum, e “Eu gosto tanto de você”, de Anastácia, são baladas açucaradas, muito bem conduzidas pela voz doce de Nalva.

“Vou levar você comigo”, de Wilson Tavares, é jovem-guardista, no esquema guitarra-base e guitarra-solo. O forró dançante “Taí o que você fez”, parceria de Dominguinhos e Anastácia, traz todo o jargão do gênero: “esse negócio da gente gostar de uma criatura que não sabe amar”.

“Nossa vida está às moscas”, o lado A do compacto lançado, composta pelos irmãos Milton Carlos e Isolda, fornecedores de peças do repertório de Roberto Carlos, como “Um jeito estúpido de te amar”, é mais uma belíssima balada soul do disco. Com baixo bem marcado e elaborado naipe de metais, o mote era a emancipação feminina, em tempos do já então ultrapassado desquite: “Não se assuste se eu lhe disser que eu vou embora, eu não posso saber. A nossa vida está às moscas por causa de você.”

Rossini Pinto é o responsável pela competente versão de “Doctor’s orders”, de Roger Cook, Roger Greenway e Geoff Stephens, sucesso pré-discothèque de Carol Douglas. “Eu te quero tanto” ganhou ainda um trecho declamado por Nalva: “Meu amor, se deus quisesse um dia devolver meu passado, eu voltaria a viver, eu voltaria a sorrir.”

“Solidão”, de Luiz Fabiano, é a balada sofredora - e derradeira - do disco, cuja aflição aumenta no decorrer da canção, de versos pouco inspirados como “a solidão mora comigo, já fez abrigo no meu coração”.

A partir do disco de 1974, a mineira de Tupaciguara (nome também do seu disco de 1978), que começou sua carreira discográfica gravando compactos na gravadora Chantecler, acompanhada do conjunto The Jet Blacks, passa a ser essencialmente uma cantora de música sertaneja ou, em outras palavras, country music abrasileirada. A consolidação de Nalva Aguiar neste gênero musical, garantiu seus principais sucessos, como “Dia de formatura” (Moacyr Franco) e “Tá de mal comigo” (Nhô Pai), a gravação de um LP em duo com o cantor gaúcho Teixeirinha, “Guerra dos desafios” (Chantecler/1984) e lhe conferiu vários títulos, como Rainha do peão de boiadeiro de Barretos e Queen of country music in Brazil, láurea que só poderia ter mesmo origem na capital internacional do country, Nashville (EUA).

Não resta dúvida, entretanto, que a peça mais consistente – e original – da obra de Nalva Aguiar seja seu disco gravado em 1974, por toda ousadia e experimentalismo artístico alcançados em uma gravadora major, sem igual naquele momento.

Texto publicado originalmente na revista Zingu! n°. 6

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